Diário de Bordo

Encantos Capixabas: Uma Breve Estadia - Parte 2

Domingo 22/12

Hoje o dia foi difícil. Infelizmente, John não está melhorando, e isso tem me preocupado cada vez mais. Eu sugeri que fôssemos ao hospital, mas ele se recusa a ir. Tentei insistir, preocupada com o bem-estar dele, mas ele parece determinado a não buscar ajuda médica.

Nossos seguidores, que sempre nos acompanham e nos dão apoio, também já foram embora. Agora estou sozinha, do lado de fora, enquanto John tenta descansar. Mesmo descansando, ele não apresenta sinais de melhora, o que só aumenta minha angústia. A sensação de impotência diante dessa situação é grande, e cada minuto que passa só faz crescer minha preocupação.

Segunda 23/12

Hoje o dia foi inteiro de chuva, refletindo um pouco do que temos vivido por dentro. John não está melhorando, e eu não consigo encontrar paz em meio a tudo isso. É difícil lidar com a incerteza e o medo de que as coisas não voltem ao que eram antes. Nossos amigos do @‌gataefelixpelomundo partiram para passar o Natal com suas famílias, e a despedida trouxe um vazio ainda maior. Oro todos os dias para que John melhore, para que possamos encontrar algum alívio, e para que tudo volte ao normal. Mas, por enquanto, a sensação é de estarmos presos nessa tempestade.

Terça 24/12

Hoje foi um dia difícil. É véspera de Natal, mas o clima aqui está longe de ser festivo. John, mesmo se sentindo fraco, resolveu dirigir um pouco para tentar espairecer. Apesar de sua fragilidade, quis ir até a lavanderia. Eu fiquei lá enquanto ele, sem forças, permaneceu dentro do carro. Após resolvermos o que precisávamos, tentamos dar uma volta, mas ficou claro que John não estava em condições de continuar. Decidimos então ir para a casa de um amigo, onde passaremos a noite, já que ele não pode mais dirigir.

Estou muito preocupada e aflita. Ver meu marido assim, tão debilitado e se recusando a ir ao hospital, me parte o coração. Oh Deus, me ajude, pois é doloroso demais ver quem amo nesse estado e não poder fazer mais por ele.

Um Natal de Resiliência

Quarta 25/12

Depois de uma noite tranquila na casa de amigos, voltamos para o nosso ponto de apoio, onde encontramos outros amigos viajantes. O clima estava agradável, mas a preocupação com John pesava no ar. Ele continuava visivelmente mal, e todos nós estávamos ansiosos para que ele fosse ao hospital, mas ele insistia em não querer ir.

Apesar disso, o pessoal decidiu fazer um churrasco para comemorar o Natal. Todos estavam tentando manter o espírito festivo, mas a preocupação era evidente. John comeu só um pouco e logo voltou a dormir. Resolvi ficar ao lado dele, mesmo enquanto ele dormia, acompanhando de perto qualquer mudança.

À noite, as coisas pioraram. John começou a sentir muito frio e, com a voz fraca, pediu para eu chamar o SAMU. Ele já não estava bem e sabia que precisava de ajuda. Liguei para o SAMU, mas eles relutavam em vir. Mesmo assim, insisti até que, finalmente, aceitaram atender o chamado.

Quando a ambulância chegou, houve um contratempo: minha cadeira de rodas não cabia dentro da ambulância. John, mesmo debilitado, me tranquilizou e disse que me mandaria mensagem assim que eu pudesse ir para o hospital para ficar com ele.

Alguns minutos depois, recebi a mensagem de John dizendo que ele já estava no hospital e que eu podia ir. Sem perder tempo, chamei o casal do @‌viveremelhor, nossos amigos, para irmos juntos ao hospital. A preocupação era grande, mas estávamos todos determinados a ficar ao lado de John e dar o apoio necessário.
Quando chegamos ao hospital, fui direto até a recepção, ansiosa para ver John. Assim que entrei, o avistei ao longe, sendo levado por uma enfermeira para a sala de exames. Ele estava visivelmente cansado, mas me deu um pequeno aceno, como quem tenta dizer que está tudo bem. Mesmo preocupada, foi um alívio vê-lo sendo cuidado. Agora, só restava esperar pelos resultados e torcer para que ele ficasse bem logo.

Quinta 26/12

Hoje foi um dos dias mais difíceis. Após os exames do John, entramos na sala onde ele precisaria tomar remédios na veia enquanto aguardávamos os resultados. As horas passaram devagar, e, quando finalmente os exames saíram, a notícia não foi nada boa. John foi diagnosticado com infecção generalizada, além de falta de potássio causada por uma micro fissura. Seus remédios acabaram e, com isso, fomos transferidos para outro hospital, onde ele será submetido a uma cirurgia.

Ana, do @‌viveremelhor, nos acompanhou para nos ajudar a entender a situação e como seria daqui pra frente para o John e para mim. Fiquei com ele na sala de espera, tentando ser forte, até que recebi uma notícia que me quebrou ainda mais: eu não poderia ficar com ele durante a internação. Naquele momento, o pânico que já estava sentindo se intensificou. Senti como se estivesse abandonando meu marido no momento em que ele mais precisava de mim. As lágrimas vieram fortes, e eu me senti terrível, como se fosse uma pessoa ruim por não poder estar ao lado dele nessa fase tão complicada.

Ana, mais uma vez, foi um anjo e me buscou, me levando de volta ao nosso ponto de apoio. Lá, todos fizeram o possível para me acalmar, mas a dor de estar longe do John em um momento como esse é indescritível.

Sexta 27/12

Hoje foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Após a internação do John, eu não consegui dormir. A sensação de estar falhando como esposa tem tomado conta de mim, e o medo de perder o meu marido está me consumindo. Mal consigo comer, meu estômago está embrulhado de preocupação. Felizmente, Felix e Adriana, do @‌gataefelixpelomundo, foram comigo até o hospital. Ver John naquela situação é devastador. Ele está conversando e se alimentando, mas seu estado ainda é crítico, e o coração dói ao vê-lo conectado a tantos acessos para medicações.

Antes de irmos embora, fizemos uma oração juntos, pedindo forças e a cura para ele. Foi um momento de fé e esperança, mas ao mesmo tempo, tão difícil. O mais cruel é que, por regra do hospital, ele só pode ter um acompanhante homem, e não há ninguém disponível para ficar com ele. A dor de deixá-lo sozinho naquela cama é indescritível.

Ao chegar ao ponto de apoio, todos me perguntaram sobre o estado dele. O pessoal do @‌viveremelhor, @cariocasemcep, e claro, Felix e Adriana, têm feito de tudo para me levantar, tentando me dar força, mas a ausência do John está me destruindo por dentro. Cada minuto longe dele parece uma eternidade, e a angústia só aumenta.

Sábado 28/12

Hoje o dia começou com uma boa notícia: John acordou bem e me contou que dormiu tranquilo. Ele segue firme com os remédios, o que me enche de esperança. Pela manhã, Felix e Carioca foram comigo até a casa do Beto, onde aproveitamos para lavar o carro e o carpete, afinal, quando John sair do hospital, ele não pode voltar para um lugar sujo. Eu tenho fé que ele vai voltar para mim e para o nosso cantinho, e quero tudo pronto para recebê-lo.

Lavamos tudo, até as roupas, e ainda ganhei algumas peças novas da Ana, esposa do Beto, depois de tomarmos um banho de mangueira. Foi uma pausa leve e divertida no meio da correria. Voltamos para o nosso ponto de apoio, já que eu não podia me atrasar para o horário de visita. Hoje, quem foi comigo ao hospital foi a Ana, do @‌viveremelhor. Estou ansiosa para ver John de novo e esperando receber boas notícias sobre sua recuperação.

Chegamos ao hospital e, apesar de tudo, John estava bem dentro das possibilidades. Ele, com seu jeito, conseguiu nos fazer rir muito. A visita acabou, e voltamos para o ponto de apoio. Confesso que meu coração fica apertado ao saber que ele não está voltando comigo para casa, mas mantenho a fé.

De volta ao ponto, o pessoal fez um cafezinho enquanto conversávamos sobre a saúde do John. Agora, é hora de dormir. Entrei no carro cedo, sem vontade de ficar do lado de fora. A ausência do John pesa muito, e hoje só quero descansar e guardar energias para os próximos dias.

Antes de dormir, ainda precisei ligar para o meu pai, porque ontem foi aniversário dele e, com toda essa situação envolvendo o John, acabei esquecendo de dar os parabéns. Felizmente, ele entendeu, e foi bom falar com ele e aliviar um pouco o coração.

Até a próxima,
Equipe Rodinhas pelo Mundo