Diário de Bordo

Torres: Perrengues na Terra e Aventuras no Banheiro

Sexta 02/05

Hoje foi um dia cheio de emoções e imprevistos. Acordamos cedo e pegamos a estrada rumo a Torres. No caminho, entrei em contato com nossa amiga Lia para avisar que estávamos indo para a cidade dela. Combinamos de nos encontrar no fim do dia, o que já nos deixou animados.

Chegando em Torres, fomos direto ao camping do Dudu, com quem eu já havia falado antes da viagem. O lugar parecia bem legal, então decidimos deixar tudo organizado por lá e sair para explorar a cidade. Fomos até o parque do balonismo assistir à famosa competição de balões. Foi emocionante ver tantos balões coloridos no céu — um verdadeiro espetáculo! Infelizmente, o local estava muito cheio e não conseguimos entrar, então ficamos do lado de fora admirando a vista mesmo assim.

Depois, passamos no mercado para lavar roupa e comprar algumas coisas que estávamos precisando. No meio disso tudo, comecei a sentir uma dor forte na barriga, daquelas que pegam a gente de surpresa. Ainda assim, seguimos com o que precisávamos fazer. Foi aí que a Lia apareceu. Foi um reencontro lindo depois de sete anos sem nos vermos! Conversamos, colocamos a conversa em dia e ela ainda fez questão de pagar nosso jantar, o que foi muito generoso da parte dela.

Mas as dores na barriga voltaram com força. Tentei ir ao banheiro, mas acabei passando mal no caminho, sem conseguir chegar a tempo. Fiquei muito tempo lá dentro tentando me recuperar, e John, preocupado, foi até lá me ver e avisar que o mercado já estava quase fechando.

Na hora de ir embora, ainda fraca, me despedi da Lia. Combinamos de nos ver amanhã novamente, pois fomos convidados por ela para dar uma palestra no parque do balonismo.

Voltamos ao camping do Dudu, mas ao chegar, John buzinou e eu liguei várias vezes, e nada do dono atender. Ficamos quase uma hora esperando, sem saber que havia um horário limite para retornar — já que ele não nos avisou sobre isso em momento algum. Por essa falta de consideração, infelizmente, não recomendamos o camping do Dudu.

Sem opção, começamos a procurar outro lugar para passar a noite. Alguns campings não quiseram nos atender, outros eram muito caros, e os hotéis estavam fora do nosso orçamento. Depois de muito tentar, encontramos um motel simples e, infelizmente, tivemos que gastar um valor que não podíamos. Quando cheguei no quarto, fui tomar banho, mas ainda estava tão fraca que acabei caindo no banheiro. Felizmente, não me machuquei e consegui me recuperar. Depois disso, finalmente conseguimos descansar.

Sábado 03/05

Hoje foi um dia cheio e significativo, começando cedo após uma noite em que, felizmente, conseguimos descansar bem. Acordamos com a expectativa de participar do evento no Parque do Balonismo, onde daríamos uma palestra. Apesar da ansiedade natural, algo tem me preocupado constantemente: o pé machucado do John. Desde que ele foi internado, cada pequeno sinal de dor me deixa em alerta. Ontem mesmo comprei algumas pomadas para tentar aliviar, e sigo na esperança de que ele melhore logo.

Chegamos ao parque e logo de cara enfrentamos um desafio: não havia vagas PCD próximas, então tivemos que estacionar longe e andar bastante. Rodamos o parque enquanto aguardávamos a chegada da nossa querida amiga Lia. Quando ela chegou, trouxe com ela aquele carinho acolhedor de sempre, pagou nosso almoço e aproveitamos para colocar o papo em dia antes de buscarmos o local da palestra.

A palestra, que seria transmitida online, foi organizada com o pessoal do CREA, com quem ficamos conversando enquanto esperávamos. Fomos os primeiros a apresentar, com a Lia acompanhando tudo da plateia. Foi um momento especial, em que pudemos compartilhar um pouco da nossa jornada e vivências.

Após a palestra, Lia se despediu e partiu, mas ficamos mais um tempo no evento, curtindo o clima, mesmo com a frustração de não conseguir andar de balão — uma experiência que ainda quero muito viver. John sugeriu que voltássemos para Porto Alegre, pois logo será o aniversário dele e vamos comemorar com amigos especiais, incluindo a maravilhosa Tati Portella.

A Tati é uma artista incrível, ex-vocalista da banda Chimarruts, conhecida pela sua voz doce e letras que tocam o coração. Além do talento musical, ela é uma pessoa sensível, engajada e inspiradora — sua presença no aniversário do John com certeza deixará a celebração ainda mais especial.

Chegamos ao nosso ponto de apoio, mas a dor no pé do John estava bem forte. Fiz questão de limpar e passar a pomada com carinho, torcendo para que o descanso dessa noite ajude na recuperação. Que amanhã ele acorde melhor e a gente possa seguir com saúde, força e muitos momentos felizes pela frente.

Domingo 04/05

Depois de uma noite bem fria, decidimos passar o dia todo dentro da nossa casinha. O tempo pedia mesmo um abrigo aconchegante, e o John não estava se sentindo muito bem — a dor no pé ainda incomoda. Tenho cuidado dele com carinho, passando a pomada direitinho e tentando deixá-lo o mais confortável possível.

Enquanto ele dormia profundamente durante a tarde, aproveitei o silêncio e o momento de calma para abrir a agenda linda que ganhamos do balonismo. Resolvi registrar um pouco dos nossos dias nela, eternizar memórias, sentimentos e detalhes que fazem tudo valer a pena. Também colei com muito cuidado o adesivo que ganhamos — agora ele faz parte da nossa história.

Foi um dia simples, mas cheio de cuidado, afeto e gratidão por estarmos juntos, mesmo nos dias mais quietos.

Segunda 05/05

Hoje foi um dia mais tranquilo por aqui. O pé do John continua doendo bastante, então decidimos ficar quietinhos, sem sair para a rua, para que ele possa descansar. É importante cuidar bem disso agora, porque sexta-feira é o aniversário dele e queremos que ele esteja se sentindo melhor para aproveitar e receber os amigos que virão até aqui para comemorar com a gente.

Mesmo sem grandes movimentações, o dia foi bonito. O pôr do sol estava simplesmente deslumbrante, com cores tão intensas e harmônicas que parecia uma pintura feita à mão — daquelas que a gente para tudo só pra admirar.

Ah! E minha cadeira de rodas a situação dela só está piorando…

Agora é esperar o que amanhã nos reserva, com a esperança de que o John acorde se sentindo um pouco melhor e com o coração já aquecido pela presença que se aproxima dos amigos.

Terça 06/05

Hoje começamos o dia com uma missão especial: surpreender nossa amiga Alessandra! Chegamos de surpresa na casa dela, cheios de alegria e saudade… mas ninguém atendeu. Talvez ela tenha saído ou estivesse descansando. Como o dia continua, seguimos para a lavanderia lavar nossas roupas.

Enquanto as roupas giravam na máquina, John decidiu dar aquele trato na barba — e vamos combinar, homem com a barba bem arrumada é tudo de bom! Barba feita, roupas limpas, partimos para o shopping resolver os detalhes do aniversário do John, que será neste sábado. A querida Tati Portella, nossa amiga e ex-vocalista da banda Chimarruts, vai cantar no Hard Rock Café e nos convidou para comemorar lá com ela.

Logo que chegamos ao shopping, fui direto ao banheiro. Aquela dor insuportável que já havia me visitado dias atrás voltou com tudo. Diarreia de novo. Não sei o que está acontecendo comigo, mas isso está começando a me preocupar. Passado o susto, seguimos com os planos. Conversamos no Hard Rock, vimos onde será nossa mesa e já avisamos os convidados para garantirem seus ingressos com antecedência.

Depois, fomos comer algo, mas a dor persistia. John, sempre cuidadoso, me levou até a farmácia para comprar remédio. Aproveitamos e finalmente resolvemos a questão dos óculos de grau dele — o antigo estava tão quebrado que teve que ser descartado.

Voltamos para nosso ponto de apoio na Havan e dormimos cedo, tentando descansar… mas infelizmente a noite foi bem difícil para mim. Passei mal com diarreia e vômito. Torcendo para que amanhã o corpo dê uma trégua e a gente possa seguir firme com os planos.

Quarta 07/05
Hoje foi mais um dia difícil, mas seguimos firmes, tentando não nos deixar abater. Ainda estou passando muito mal, com dores intensas e diarreia, mas a vida na estrada exige resiliência, mesmo nos dias ruins. O John também segue precisando de cuidados — o pé dele continua sensível e machucado, e sempre que ele coloca o tênis, o local incha, sangra um pouco e a dor aparece de novo. Estamos tentando manter o repouso o máximo possível, mesmo com o tempo nublado que parece nos prender ainda mais dentro do carro.

Precisamos sair para ir ao mercado, que felizmente é bem ao lado. Mas confesso que a vontade de sair é mínima com esse clima e o mal-estar. Do nosso lado, há um casal com uma criança pequena que, visivelmente, enfrenta dificuldades financeiras. Vemos eles pedindo dinheiro para quem passa pela Havan, e a criança vive chorando de fome. É triste demais presenciar isso, principalmente ao ver que o pai não se movimenta para buscar alguma oportunidade, diferente de um rapaz que também dorme no papelão por aqui, mas sai todos os dias cedo atrás de algum bico. Ele volta só à noite, sempre tentando uma forma de sobreviver com dignidade.

À noite, apesar do cenário pesado ao redor, tivemos um encontro especial. Conhecemos um casal de viajantes que está prestes a partir para a Europa. Conversamos bastante, trocamos experiências e histórias de estrada. Sempre colamos os adesivos dos viajantes que encontramos na Mariposa, mas muitos estão descolando. Por isso, decidimos criar um caderno onde cada pessoa pode deixar seu adesivo junto de uma mensagem para nós. Esse casal foi o primeiro a estrear o caderno e isso trouxe um calorzinho bom ao coração.

Depois voltamos para dentro, pois o pé do John precisava de repouso — e eu, como disse, ainda estou muito debilitada. A criança do lado continua chorando, o que está claramente estressando os pais. É um ambiente difícil de se estar, mas seguimos com empatia e tentando fazer o melhor com o que temos.

Até a próxima,
Equipe Rodinhas pelo Mundo